terça-feira, 24 de junho de 2008

Fiabilidade

Referindo-me à fiabilidade na construção de um questionário para medir uma variável latente…

Temos como definição técnica de fiabilidade que o pressuposto básico da teoria
da fiabilidade pode ser escrito na forma de uma equação:

VALOR OBSERVADO = VALOR CORRECTO + ERRO (de medição).


Podemos dizer que uma medida de uma variável latente [1]é fiável se for consistente, sendo que a consistência pode ser definida de três formas diferentes, ou seja em termos de estabilidade temporal das medidas da variável latente; em termos de equivalência de medidas da variável latente obtidas por versões alternativas e em termos de consistência interna (tipo “split-half”).
Como métodos para estimar a fiabilidade temos:

  • A estimação da fiabilidade do tipo “Estabilidade Temporal” (Test-retest reliability)
    Implica aplicar duas vezes o questionário à mesma amostra de pessoas. Assim as duas aplicações de questionário fornecem dois conjuntos de valores observados e a fiabilidade do tipo estabilidade temporal pode ser estimada através do coeficiente de correlação (do tipo Pearson) entre os dois conjuntos de valores observados.
  • A estimação da fiabilidade do tipo “Versões Equivalentes” (“equivalent forms reliability”, também designada por “parallel forms reliability”). Só é possível
    quando se desenvolvem duas versões do questionário. Para estimar a fiabilidade do tipo versões equivalentes, é preciso aplicar as duas versões a uma mesma amostra de pessoas e a natureza e o tamanho da amostra devem ser iguais à amostra utilizada para estimar a fiabilidade do tipo estabilidade temporal.

  • A estimação da fiabilidade do tipo “Consistência interna do tipo Split-Half
    Implica aplicar-se o questionário, apenas uma vez, a uma amostra de pessoas e, em seguida, divide-se o conjunto de itens do questionário em duas partes iguais A e B. É preciso então calcular o valor observado para cada pessoa.

  • A estimação de fiabilidade interna alfa (α) de Cronbach (designada por alpha no SPSS)
    Cronbach ultrapassou o problema da estimação de fiabilidade “split-half” usando uma técnica que estima o coeficiente de fiabilidade interna (α) como sendo o valor médio de todos os coeficientes possíveis do tipo “spli-half”. O valor α pode ser estimado através da seguinte fórmula:

Concluindo, é muito importante dar atenção à fiabilidade de um questionário construído para medir uma variável latente, porque não vale a pena tirar conclusões a partir de uma medida que não tem a fiabilidade adequada.
É necessário pois, ter em conta o seguinte :
- A escala;
- O valor do alpha uma vez que o seu valor aumenta com o número de Itens e com correlações mais elevadas entre os itens;
- O coeficiente de fiabilidade interna “aplit-half”que também pode ser calculado usando a opção SCALE no SPSS mas o coeficiente alpha é preferível.

O investigador pode ainda melhorar as estimativas dos coeficientes de fiabilidade , usando um estudo preliminar para seleccionar os itens da versão final do Questionário a partir de uma boa análise dos itens inicialmente escritos; uma amostra aleatória e usando uma amostra de dimensão razoável (200 ou mais).


[1] Variável latente é uma variável definida por um conjunto de muitas variáveis, que podemos designar por “variáveis componentes”. Estas por vezes podem ser medidas através de perguntas designadas por itens no questionário.

Fonte: Hill, M.M.; Hill, A. (2002): Investigação por Questionário. Lisboa: Edições Sílabo.

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