domingo, 25 de maio de 2008

Investigação qualitativa - Análise de dados

Continuando a pesquisar e a divulgar...

Por análise de dados entende-se o processo de busca e de organização sistemático de transcrições de entrevistas, de notas de campo e de outros materiais que foram sendo acumulados, durante o desenvolvimento de qualquer investigação, para que o investigador aumente a sua própria compreensão desses mesmos materiais e lhe permita apresentar aos outros aquilo que encontrou.
Neste contexto, a análise envolve o trabalho com os dados, com a sua organização, divisão em unidades manipuláveis, síntese, procura de padrões, descoberta dos aspectos importantes e do que deve ser aprendido e a decisão sobre o que vai ser transmitido aos outros. Apesar da análise ser complicada, constitui, igualmente, um processo que pode ser dividido em várias fases. Sendo encarada pelo investigador como uma série de decisões e tarefas, em vez de ser vista, como um imenso esforço de interpretação, a análise de dados pode surgir como algo mais aliciante.
Creio ser importante referir ainda, que tal como existem muitos estilos diferentes de investigação qualitativa, também existe uma panóplia de formas de trabalhar e analisar os dados. Poderá ser útil no entanto, pensar em dois modos de enquadrar as abordagens à análise. Numa das abordagens, a análise é concomitante com a recolha dos dados e fica praticamente completa no momento em que os dados são recolhidos enquanto que a outra abordagem envolve a recolha dos dados antes da realização da análise. Esta última no entanto, nunca é utilizada na sua forma mais pura, limitando-se o investigador a aproximar-se apenas dela.
Os autores da obra de referência aconselham o investigador inexperiente a utilizar estratégias referentes ao modo de análise no campo de investigação, deixando a análise mais formal para quando a maior parte dos dados tiverem sido recolhidos, uma vez que o trabalho no estabelecimento da relação e no acesso ao campo de investigação é moroso, não lhe permitindo envolver-se de forma activa na análise.
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Fonte: Bogdan, R; Biklen, S. (1994): Investigação Qualitativa em Educação. Porto: Porto Editora.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Projecto SER MAIS (Investigação-acção)

Reflectindo sobre ...
Educação Para a Sexualidade Online

Arménio Martins Fernandes, justifica claramente a necessidade da investigação ao referir que:
  • As questões relacionadas com a educação para a sexualidade e para a saúde são hoje preocupações presentes na sociedade portuguesa e nas políticas educativas e de saúde;
  • Portugal ao contrário de países como Espanha, Bélgica, Itália ou Suiça com 10 casos de gravidez por cada mil adolescentes apresenta actualmente, 22 casos de gravidez na adolescência em cada mil jovens entre os 10 e os 19 anos;
  • Enquanto que no resto da Europa a incidência de doenças sexualmente transmissíveis diminuiu, em Portugal continua a subir;
  • Vários estudos, no nosso país e no estrangeiro, têm vindo a provar que os adolescentes iniciam a sua vida sexual activa cada vez mais cedo.

O autor explicita os objectivos da sua investigação e as mudanças que pretende atingir ao mencionar que:

  • A abordagem da Educação para a Sexualidade na escola não deve apenas transmitir conhecimentos sobre os riscos associados à sexualidade, mas incutir nos adolescentes e jovens uma atitude preventiva e cita (Américo Baptista, DD, 2006) “O conhecimento é fundamental, mas não chega”;
  • Julga ser necessário aliar as novas tecnologias a este esforço de sensibilização, (in) formação e educação dos alunos colocando a tónica no ensino à distância;
  • É adepto de uma formação a distância no sistema blearning (blended learning), isto é, mista: presencial e online; Assume a necessidade das sessões presenciais atendendo à faixa etária a que o projecto se dirige de forma a permitir que o aluno se relacione com o professor à semelhança do ensino na sala de aula;
  • Pretende com esta experiência de Educação para a Sexualidade à distância, que os constrangimentos que se colocam aos alunos, sejam minimizados, pelo facto das abordagens das temáticas relacionadas com a sexualidade humana serem mais naturais e sem preconceitos, condições nem sempre conseguidas dentro da sala de aula;
  • Tem consciência que este Projecto permite uma mudança na forma de abordar a Educação para a Sexualidade e que mudar implica alterar, além das infra-estruturas tecnológicas as estruturas mentais .


Na intervenção que realizou e do ponto de vista metodológico, o autor apresenta os seguintes passos:

  • Analisou as narrativas dos alunos nos fóruns;
  • Identificou problemáticas relacionadas com o tema;
  • Organizou cinco sessões que englobaram cinco temas: Sexualidade, Relações interpessoais, Namoro, Comunicação e relação e Gravidez na adolescência e DSTs;
  • No final de cada sessão foi criado um fórum onde os participantes deixavam os seus comentários e/ou sugestões.

Fonte: Projecto SER MAIS - Educação Para a Sexualidade Online, de Arménio Martins Fernandes

domingo, 18 de maio de 2008

Investigação-Acção

Pesquisando e divulgando...

“A Investigação - acção é um excelente guia para orientar as práticas educativas, com o objectivo de melhorar o ensino e os ambientes de aprendizagem na sala de aula.”
R. Arends

Esta investigação tem como propósito, resolver questões de carácter prático, através do emprego do método científico. A investigação parte de uma situação real e não tem como objectivo a generalização dos resultados obtidos, logo o problema do controlo não assume a importância que apresenta em outras investigações. A sua principal finalidade é a resolução de um dado problema para o qual não há soluções baseadas na teoria previamente estabelecida.

Vantagens

- Destina-se à melhoria das práticas mediante a mudança e a aprendizagem a partir das consequências dessas mudanças;
- Permite ainda a participação de todos os implicados;
- Desenvolve-se numa espiral de ciclos de planificação, acção, observação e reflexão;
- É um processo sistemático de aprendizagem orientado para a praxis, exigindo que esta seja submetida à prova;
- Permite dar uma justificação a partir do trabalho, mediante uma argumentação desenvolvida, comprovada e cientificamente examinada;
- “ ...implica o abandono do praticismo não reflexivo, favorece, quer a colaboração interprofissional, quer a prática pluridisciplinar — quando não interdisciplinar ou mesmo transdisciplinar —, e promove, inegavelmente, a melhoria das intervenções em que é utilizada.” Almeida (2001)

Desvantagens

- Pelas características que reúne e “a imprecisão dos seus instrumentos e limites”, tanto pode ser encarada com uma “grande exigência, rigor e dificuldade, como pode ser um caminho de facilidades, de superficialidades e de ilusões”. Benavente et al (1990),
- A Investigação-acção, “usada como uma modalidade de investigação qualitativa, não é entendida pelos tradicionalistas como “verdadeira” investigação, uma vez que está ao serviço de uma causa, a de “promover mudanças sociais” (Bogdan & Biklen, 1994), e porque é “um tipo de investigação aplicada no qual o investigador se envolve activamente.” Chagas (2005)

Fontes:

Carmo, H. & Ferreira, M. (1998). Metodologia da Investigação: guia para a auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.

Projecto SER MAIS - Educação Para a Sexualidade Online, de Arménio Martins Fernandes

sábado, 3 de maio de 2008

Entrevistas

Para entrevistar...

A interacção directa focaliza-se numa questão - chave da técnica da entrevista ou seja o facto de ser uma situação em interacção presencial faz com que no acto de entrevistar se tenham de gerir três problemas em simultâneo:
Em 1º lugar, a influência do entrevistador no entrevistado;
Em 2º lugar, as diferenças que entre eles existem (de género, de idade, sociais e culturais);
Em 3º lugar, a sobreposição de canais de comunicação.

Na utilização da técnica da entrevista existem alguns aspectos a ter em conta designadamente :
O Antes
- Definir objectivo;
- Construir o guia de entrevista;
- Escolher os entrevistados;
- Preparar as pessoas a serem entrevistadas;
- Marcar a data, a hora e o local;
- Preparar os entrevistadores.
O Durante
- Explicar quem somos e o que queremos;
- Obter e manter a confiança;
- Saber escutar;
- Dar tempo para “ aquecer” a relação;
- Manter o controlo com diplomacia;
- Utilizar perguntas de aquecimento e focagem;
- Enquadrar as perguntas melindrosas;
- Evitar perguntas indutoras.
O Depois
- Registar as observações sobre o comportamento do observado;
- Registar as observações sobre o ambiente em que decorreu a entrevista.

Fonte: Carmo, H. & Ferreira, M. (1998). Metodologia da Investigação: guia para a auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.