domingo, 29 de junho de 2008

As minhas reflexões


Reflectindo "com os meus botões" ...

Investigação Educacional ... claramente foi esta a disciplina que à partida me levantou uma maior apreensão, dado que desde o primeiro momento tive consciência da “ pequenez”do meu conhecimento. É pois, agora, com manifesto agrado que face à metodologia de trabalho adoptada posso afirmar que "agarrei mais este desafio com as duas mãos".

Inicio esta minha curta viagem pelo trabalho desenvolvido em grupo. A metodologia assumida revelou-se promotora de vivências interactivas (fórum assíncrono), onde a apropriação do conhecimento emergiu como causa maior.
Assim e ao longo de algumas semanas, primeiro em grupo restrito e depois alargado, apresentámos, questionámos, interagimos, deduzimos, explicitámos, inferimos, reflectimos e avaliámos. No “meu” grupo (equipa azul) formado pelo Mário, que assumiu o papel de coordenador desde o primeiro momento, a Júlia, o Paulo, a Célia e por mim própria, creio que conseguimos aliar a aprendizagem, a formas de conduta que primaram pelo sentido de responsabilidade, pelo respeito mútuo e pelo empenho com que desenvolvemos as tarefas que nos foram sendo propostas. O espírito de entre - ajuda e compreensão foi notório em todos os momentos.
A avaliação que faço deste percurso é sem dúvida muito positiva. Num primeiro momento, planeámos uma investigação; num segundo momento trabalhámos a utilização do questionário no processo de investigação e num terceiro momento procedemos à exploração e aprofundamento de conhecimentos sobre a "Entrevista”;
O trabalho desenvolvido em grande grupo também se concretizou, embora aqui e ali tivessem acontecido alguns percalços.
Em termos de tarefas individuais assumo dificuldades no âmbito das técnicas quantitativas de análise de dados. Embora tivesse lido com muita atenção tudo o que foi escrito acerca deste assunto, estou consciente que necessito ainda aprofundar a questão.

Visitando agora as Intervenções nos Fóruns , é de relevar a participação de todos. Neste espaço trocaram -se ideias, colocaram -se questões e clarificaram -se conceitos. Reconheço que por vezes não me foi possível intervir tanto como gostaria , muito por culpa da “corrida contra o tempo” em que me encontro e não por outro motivo qualquer. Considero ainda que a discussão em redor do tema investigação – acção foi bastante pertinente, uma vez que se levantaram questões que em tudo tem a ver com o nosso percurso enquanto professores e a multiplicidade de papéis que nos exigem desempenhar. Assim será que haverá espaço/disponibilidade para se ser professor - investigador?
Outro assunto importante e por nós discutido foi o papel da ética na Investigação.

Continuando "esta viagem supersónica" sou de opinião que a bibliografia cedida e complementada pela que consegui encontrar deram uma resposta ajustada ao que se pretendia estudar/trabalhar.

Termino a viagem neste "apeadeiro" onde me encontro : Webfólio Investi@prende
Fi-lo com um misto de prazer e receio, ou seja prazer pela descoberta mas também com um pouco de receio, o receio de errar e de esse erro poder ser visualizado por todos, mas há um ditado que diz" Errar é humano" e eu sou humana e assim com ele... me aventurei e acreditei.
Partilho ainda convosco que foi com uma motivação especial que lhe dei forma, embora desconhecesse por completo o seu funcionamento . Foi uma " aventura"!
Considero - o uma experiência gratificante e enriquecedora que certamente não terminará aqui... Até breve!

sábado, 28 de junho de 2008

A pesquisa documental na investigação


Reflectindo...

sobre a importância de uma pesquisa documental adequada, importa referir que esta visa seleccionar, tratar e interpretar informação bruta existente em suportes estáveis (scripto, áudio, vídeo e informo), com o objectivo de extrair dela algum sentido.Sabendo que o investigador necessita de recolher testemunhos, introduzir-lhe valor acrescentado e transmiti-lo à comunidade científica, a pesquisa documental assume-se como”passagem do testemunho”. Estudar o que se tem produzido reflecte assim, um acto de gestão de informação indispensável, a quem queira realizar uma investigação consciente responsável e inovadora.No que respeita a documentos escritos e uma vez encontrados os locais onde procurar (bibliotecas e arquivos; bibliografias; enciclopédias, dicionários e vocabulários; livros e revistas especializadas; ficheiros em suporte scripto e base de dados em suporte informático) e as unidades de informação a seleccionar (monografias, artigos, relatórios …), segue-se a exploração destas últimas.
Neste contexto, existem dois tipos de fichas muito úteis para quem está ou vai fazer uma dissertação: as fichas bibliográficas e as fichas de leitura, sendo que as primeiras contêm a identificação básica do documento enquanto as segundas registam o resultado de um trabalho de tratamento, análise e síntese de informação.Clarificando mais um pouco, sobre o que é suposto ter uma ficha de leitura, visto ser esta, o objecto de uma das tarefas solicitadas, direi que neste tipo de ficha é comum:

· Resumir parte do que se leu;
· Citar passagens consideradas importantes;
· Anotar ideias que surjam como eco da reflexão sobre o texto.

Fonte: Carmo, H. & Ferreira, M. (1998)Metodologia da Investigação: guia para a auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Métodos quantitativos e métodos qualitativos

Reflectindo...

Antes de escrever algo sobre as características dos métodos qualitativos e dos métodos quantitativos, permitam-me que partilhe convosco a perspectiva de Reichardt et Cook (1986,29), autores que entendem que o investigador para melhor resolver um problema de pesquisa, pode combinar atributos dos dois métodos.
Assim, para estes autores, as características usualmente atribuidas aos paradigmas que os suportam, são as seguintes:

O Paradigma qualitativo...

- Advoga o emprego dos métodos qualitativos;
- Revela fenomenologismo e verstehen ou seja interessa-se em compreender a conduta humana a partir dos pontos de vista daquele que actua;
- Defende/utiliza uma observação naturalista e sem controlo;
- É subjectivo;
- Está próximo dos dados;
- Fundamenta-se na realidade e é orientado para o processo;
- É orientado para a descoberta, exploratório, holístico, expansionista descritivo e indutivo;
- É válido (dados reais, próximos, ricos e profundos);
- Não é generalizável (estudo de casos isolados);
- Assume uma realidade dinâmica.

O paradigma quantitativo:

- Advoga o emprego dos métodos quantitativos;
- Ancora-se no positivismo lógico ou seja procura as causas dos fenómenos sociais, prestando escassa atenção aos aspectos subjectivos dos indivíduos;
- Exige uma medição rigorosa e controlada;
- É objectivo e orientado para o resultado;
- É orientado para a comprovação;
- É inferencial e hipotético - dedutivo;
- É fiável (dados sólidos e repetíveis);
- É generalizável (estudo de casos múltiplos);
- Assume uma realidade estável.

Reportando-me agora aos métodos, penso que é importante diferenciar método de técnica. Neste contexto e segundo Ana Maria Marañano, por método entende-se a ordenação das acções, a estratégia. Indica o que fazer. Já a técnica é a instrumentalização específica de cada etapa definida pelo método; é a táctica e indica como fazer.

Posto isto, direi em linhas gerais, que nos métodos qualitativos, os investigadores tendem a analisar a informação de uma forma “ indutiva”. Desenvolvem conceitos e chegam à compreensão dos fenómenos a partir de padrões provenientes da recolha de dados. Não procuram a informação para verificar as hipóteses. Têm em conta a “ realidade global” ou seja os indivíduos os grupos e as situações não são reduzidos a variáveis, mas sim vistos como um todo, sendo estudado o passado e o presente dos sujeitos de investigação. Estes métodos são naturalistas e humanísticos e descritivos – a fonte directa de dados são as situações consideradas naturais. Os investigadores interagem também com os sujeitos de uma forma “natural” e sobretudo discreta, são pois sensíveis ao contexto. O significado tem uma grande importância. Os investigadores procuram compreender os sujeitos a partir dos “ quadros de referência” desses mesmos sujeitos.

Em relação aos métodos quantitativos, creio ser relevante referir que a sua utilização está essencialmente ligada à investigação experimental ou quasi-experimental; que requerem a observação de fenómenos, a formulação de hipóteses explicativas desses mesmos fenómenos, o controlo das variáveis, a selecção aleatória dos sujeitos de investigação (amostragem), a verificação ou rejeição das hipóteses mediante uma recolha rigorosa de dados que serão posteriormente sujeitos a uma análise estatística e uma utilização de modelos matemáticos para testar essas mesmas hipóteses.
O objectivo é a generalização dos resultados a uma determinada população em estudo a partir da amostra, o estabelecimento de relações causa - efeito e a previsão de fenómenos. Implicam uma revisão da literatura e a elaboração de um plano de investigação estruturado com os objectivos e procedimentos indicados pormenorizadamente.

Fontes : Marañano, A. M. (2004) Métodos e Técnicas de Investigação em Gestão. Lisboa: Edições Sílabo.
Carmo, H. & Ferreira, M. (1998)Metodologia da Investigação: guia para a auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Técnicas de Observação


Ver não é olhar e escutar não é só ouvir...

É preciso sublinhar que a passagem do olhar para o ver e do ouvir para o escutar, ou seja a criação de uma atitude de observação consciente passa por um treino da atenção de forma a poder aprofundar a capacidade de seleccionar informação pertinente através dos órgãos sensoriais.
Por exemplo, dos ensinamentos de Baden-Powell pode extrair -se uma segunda característica do conceito de observação: é a de que saber observar, implica confrontar indícios com a experiência anterior para os poder interpretar.
Assim sendo, para qualquer investigador, este procedimento implica, três operações:
  • Saber identificar indícios, o que requer um treino continuado da atenção;
  • Possuir uma experiência anterior adequada, o que implica possuir uma boa preparação teórica e empírica;
  • Ter capacidade para comprar o que observa com o que constitui a sua experiência anterior e a partir daí poder tirar conclusões pertinentes, o que obriga a uma formação metodológica sólida.

Mesmo que possua noções/treino básicas em matéria de técnicas de observação, para cada projecto específico, o investigador, tem necessidade de planear a estratégia de observação a adoptar de modo a recolher os dados adequados economizando os meios.
Esta preparação da observação implica, antes de mais, responder a várias questões, designadamente:
- Observar o quê?
- Que instrumentos se deverão utilizar para registar as observações efectuadas?
- Que técnica de observação escolher?
Ainda neste contexto é importante referir que os indicadores surgem como filtros de informação, sendo que se pode definir operacionalmente indicador como um instrumento construído com o objectivo de revelar certos aspectos pertinentes de uma dada realidade, de outro modo não perceptíveis, com o fio de a estudar, de a diagnosticar e ou de agir sobre ela.
Os indicadores podem ser demográficos e económicos ou sociais.
Tanto os indicadores sociais quantitativos como os qualitativos, são construídos para atingir quatro objectivos concretos:

  • Retratar a realidade social nas suas facetas estrutural e dinâmica;
  • Revelar as percepções dos diferentes grupos sociais sobre o sistema social;
  • Planear a intervenção social;
  • Avaliar essa intervenção com clareza e rigor.


Existem várias formas de triplicar as técnicas de observação. Uma forma usual de o fazer é distingui-las de acordo com o envolvimento do observador no campo do objecto de estudo.
Assim temos:

A observação não - participante
Se o observador não interage de forma alguma com o objecto de estudo no momento em que realiza a observação. Este tipo de técnica, possui características interessantes porque reduz substancialmente a interferência do observador no observado; permite o uso de instrumentos de registo sem influenciar o grupo - alvo e possibilita um grande controlo das variáveis a observar. A sua aplicação no entanto é limitada, não só porque o equipamento adequado apenas está disponível em algumas instituições, mas também porque só se adequa a alguns objectos de estudo.

A observação participante
Para as situações em que o investigador tem de recorrer a técnicas de observação caracterizadas pelo seu envolvimento através da assunção de um dado papel social junto da população observada: são técnicas de observação participante.
Na participação participante despercebida pelos observados o papel que o investigador assume é ténue, passando completamente despercebido à população observada, sem que esse facto possa considerar-se incorrecto do ponto de vista deontológico uma vez que as situações observadas ocorrem em ambiente aberto (ex.: objecto de estudo - claques de futebol). Já em locais ou situações de acesso condicionado, a questão deontológico já se põe, uma vez que o papel de investigador não lhe dá o direito de assumir um estatuto semelhante ao do infiltrado, permitido a algumas polícias criminais. Na observação participante propriamente dita o investigador deverá assumir explicitamente o seu papel de estudioso junto da população observada, combinando-o com outros papéis sociais cujo posicionamento lhe permita um bom posto de observação.
Esta observação tem como principal vantagem a possibilidade de entender profundamente o estilo de vida de uma população e de adquirir um conhecimento integrado da sua cultura e como limitações a morosidade que tal técnica exige e as dificuldades que levanta a uma posterior quantificação dos dados.
Surgem então como aspectos relevantes a questão do papel social que se vai desempenhar como observatório e a questão da intensidade de mergulho.


Fonte: CARMO, H e FERREIRA, M. M.(1998) Metodologia da Investigação guia para a auto - aprendizagem, Lisboa, Ed. Universidade Aberta

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Ainda sobre Validade

Reflectindo sobre validade...

Começo por reforçar a ideia de que fiabilidade e validade de uma medida não são a mesma coisa mas mantêm uma relação estranha, uma vez que uma medida pode ter boa fiabilidade e ter pouca validade mas, sem fiabilidade adequada, a medida não pode ter validade adequada. Em termos lógicos, podemos afirmar:
A existência de fiabilidade adequada é necessária, mas não suficiente, para garantir a validade adequada. Continuando a falar de variáveis latentes e sabendo que uma medida tem validade se for uma medida da variável que o investigador pretende medir temos ainda de ter consciência que existem vários tipos de validade, nomeadamente:

- Validade de conteúdo
O questionário tem validade de conteúdo adequada, quando os itens formam uma amostra representativa de todos os itens disponíveis para medir os aspectos das componentes.
A avaliação da validade de conteúdo envolve quatro passos:
1- Utilizar a literatura para escrever uma lista de todas as componentes da variável latente;
2- Para cada umas das componentes, escrever uma lista de todos os aspectos. (Muitas vezes a literatura também ajuda na especificação dos aspectos relevantes);
3- Para cada um dos aspectos, escrever todos os itens relevantes para medir o aspecto. (quando a variável latente é uma atitude, escrever itens positivos e itens negativos);
4- Comparar os itens do questionário com a lista dos itens escritos no passo anterior.


- Validade teórica
A avaliação teórica pode ainda ser convergente, se concordar bem com outras medidas da mesma variável, discriminante, se não estiver correlacionada significativamente com medidas de outras variáveis ou factorial se existirem um conjunto de factores que teoricamente representam o que têm em comum as variáveis.

- Validade prática
A validade prática pode ainda ser preditiva, configurando-se na validade que essa medida tem para predizer valores em outra variável ou simultânea quando os valores da variável a predizer são recolhidos ao mesmo tempo que os valores do teste.


Fonte : Hill, M.M.; Hill, A. (2002): Investigação por Questionário. Lisboa: Edições Sílabo.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Fiabilidade

Referindo-me à fiabilidade na construção de um questionário para medir uma variável latente…

Temos como definição técnica de fiabilidade que o pressuposto básico da teoria
da fiabilidade pode ser escrito na forma de uma equação:

VALOR OBSERVADO = VALOR CORRECTO + ERRO (de medição).


Podemos dizer que uma medida de uma variável latente [1]é fiável se for consistente, sendo que a consistência pode ser definida de três formas diferentes, ou seja em termos de estabilidade temporal das medidas da variável latente; em termos de equivalência de medidas da variável latente obtidas por versões alternativas e em termos de consistência interna (tipo “split-half”).
Como métodos para estimar a fiabilidade temos:

  • A estimação da fiabilidade do tipo “Estabilidade Temporal” (Test-retest reliability)
    Implica aplicar duas vezes o questionário à mesma amostra de pessoas. Assim as duas aplicações de questionário fornecem dois conjuntos de valores observados e a fiabilidade do tipo estabilidade temporal pode ser estimada através do coeficiente de correlação (do tipo Pearson) entre os dois conjuntos de valores observados.
  • A estimação da fiabilidade do tipo “Versões Equivalentes” (“equivalent forms reliability”, também designada por “parallel forms reliability”). Só é possível
    quando se desenvolvem duas versões do questionário. Para estimar a fiabilidade do tipo versões equivalentes, é preciso aplicar as duas versões a uma mesma amostra de pessoas e a natureza e o tamanho da amostra devem ser iguais à amostra utilizada para estimar a fiabilidade do tipo estabilidade temporal.

  • A estimação da fiabilidade do tipo “Consistência interna do tipo Split-Half
    Implica aplicar-se o questionário, apenas uma vez, a uma amostra de pessoas e, em seguida, divide-se o conjunto de itens do questionário em duas partes iguais A e B. É preciso então calcular o valor observado para cada pessoa.

  • A estimação de fiabilidade interna alfa (α) de Cronbach (designada por alpha no SPSS)
    Cronbach ultrapassou o problema da estimação de fiabilidade “split-half” usando uma técnica que estima o coeficiente de fiabilidade interna (α) como sendo o valor médio de todos os coeficientes possíveis do tipo “spli-half”. O valor α pode ser estimado através da seguinte fórmula:

Concluindo, é muito importante dar atenção à fiabilidade de um questionário construído para medir uma variável latente, porque não vale a pena tirar conclusões a partir de uma medida que não tem a fiabilidade adequada.
É necessário pois, ter em conta o seguinte :
- A escala;
- O valor do alpha uma vez que o seu valor aumenta com o número de Itens e com correlações mais elevadas entre os itens;
- O coeficiente de fiabilidade interna “aplit-half”que também pode ser calculado usando a opção SCALE no SPSS mas o coeficiente alpha é preferível.

O investigador pode ainda melhorar as estimativas dos coeficientes de fiabilidade , usando um estudo preliminar para seleccionar os itens da versão final do Questionário a partir de uma boa análise dos itens inicialmente escritos; uma amostra aleatória e usando uma amostra de dimensão razoável (200 ou mais).


[1] Variável latente é uma variável definida por um conjunto de muitas variáveis, que podemos designar por “variáveis componentes”. Estas por vezes podem ser medidas através de perguntas designadas por itens no questionário.

Fonte: Hill, M.M.; Hill, A. (2002): Investigação por Questionário. Lisboa: Edições Sílabo.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

As diferentes facetas da VALIDADE

Reflectindo sobre a Validade e suas facetas ...

Enformando a validade várias facetas, obter-se-iam talvez melhores resultados, se todas elas fossem tomadas em consideração, mas tal não acontece, pois por vezes ao seguirmos uma, estamos a agir em detrimento de outra.
Assim podemos considerar os seguintes tipos de validade:
  • A validade da tradução teórica ;
    As proposições formuladas
    [1] para designar um fenómeno ou muito simplesmente, uma relação constituem uma teoria de referência. A fidelidade dessa tradução depende dos laços estabelecidos com a teoria (…).

  • A validade interpreposicional;
    A confrontação com os factos supõe que a formulação das proposições emanadas das teorias e das proposições decorrentes de levantamento de dados empíricos se encontrem numa relação unívoca e não em desfazamento.

  • A validade do dispositivo da relação ao mundo empírico ;
    O dispositivo de recolha de informações factuais opera uma selecção no tempo e no espaço sendo importante que a recolha seja exemplificativa.

  • A validade dos indicadores, da medida e da sua instrumentação;
    É preciso ter em atenção que para o levantamento das variáveis é necessário determinar os indicadores e que para tal se devem respeitar as qualidades metrológicas da instrumentação e escolher a escala de medida.

  • A validade interna, externa e individual das conclusões.
    Esta validade será facilitada, se a validade interproposicional for suficiente, se for a única compatível com os dados (validade interna), se permitir a generalização (validade externa) e finalmente pela exigência da validade individual que quando é respeitada, permite dizer que as conclusões traduzem os funcionamentos individuais.


Fonte: HADJI, Charles; BAILLÉ, Jacques (orgs.) (1998) Investigação e Educação Para uma “nova aliança”. Porto: Porto Editora.


[1] As proposições podem ser formuladas em termos de variáveis dependentes e de variáveis independentes, daí colocarem-se problemas ao nível desta validade.